Histórico
A honra é chama, e arde sem alarde,
Não grita ao mundo o quanto já venceu.
No peito firme, o orgulho nunca arde,
Pois sabe o que sustenta não é seu.
A honra é chama, e arde sem alarde,
Não grita ao mundo o quanto já venceu.
No peito firme, o orgulho nunca arde,
Pois sabe o que sustenta não é seu.
Em teu olhar repousa a claridade
Que afasta as sombras todas do caminho.
Teu rosto é calma, é sol, é puro ninho,
Refúgio doce em meio à tempestade.
Socorra-me, meu Deus, que sofro tanto!
Minh’alma sangra e grita: Liberdade!
Meu corpo fraco espera piedade…
Perdido assim nos mares deste pranto!
A noite por que passa a negra ave
Varria, tristemente, o véu do mundo…
No denso santuário, a voz suave
Cantava, junto à lira, num segundo.
Os passos do passado são tormentas
E espasmos me causando pesadelos…
Produzem, nas raízes dos cabelos,
As mortes melanínicas e lentas…
Não há soneto belo que descreva
Tamanho desacato à vida humana!
A Morte trabalhava à paisana
Em sua ideia trágica e longeva…
No peito o medo imprime causa e luta…
Na boca o canto ecoa fraco e breve…
Nos braços lestos há fatal conduta…
Na mente, a morte inspira, doma, escreve…
Hei-de pedir-te, amor da minha vida,
Que não te vás, assim tão de repente…
Meu peito gela e fica descontente
Imaginando a tua despedida…
Acordo no vazio grande
Enquanto o medo ao léu expande…
Voltei no tempo?
Atônito morreu o grande brado…
É brando agora o pátrio braço forte.
A liberdade clama à própria morte…
Não soa mais o canto idolatrado…
Cadavérica morte que avança
Sob os leitos pesados do SUS,
Consumindo a cabal esperança
Dos coitados mortais que seduz…
O soldado ferido lutando
Permanece sofrendo na lida.
Perde sangue, mas inda sangrando
Tece versos, clamor pela vida…
Imensidões de sepulcrais eventos
amortalhando os musicais e os fados
nas multidões de radicais isentos
esbugalhando angelicais sagrados…
Amor que desmorona lentamente
na dor que se sucede devagar…
Rancor que renascendo conivente
conforta o coração a lamentar…
As mães das borboletas
recusam-se a voar…
De tristes ficam pretas
e perdem-se a chorar…
Eu vi aquele vulto na parede
tentando proteger alguma cousa
confuso como pássaro que pousa
na vastidão da noute, mas com sede…