Cada Passo
A cada passo, um passe… Tomo posse
Do afago que me afoga no Prefácio…
O tempo-espaço passa e se contorce
Na última flor do Lácio…
A cada passo, um passe… Tomo posse
Do afago que me afoga no Prefácio…
O tempo-espaço passa e se contorce
Na última flor do Lácio…
O sofrimento cintilante impera
No reino humano, onde o amor suspira…
A vida sofre e todo o céu delira:
A morte espreita nossa atmosfera…
Na frequência do medo, perplexo
Afundei em visões e fracassos…
No torpor do desejo e do sexo
A luxúria travou os meus passos…
A pouca força força o homem à forca…
Na fossa, fita os olhos da frieza…
E, fraco, faz-se frágil e, já sem fôlego,
Fenece à fútil frase da Fraqueza…
Num pântano repleto de ossaturas
Suspenso, vi-me sob um céu vermelho…
Caindo como chuva as desventuras
Puseram-me, aos poucos, de joelho…
Num susto, distraído, compreendo
Que há cobras espalhadas no Jardim…
Por isso, continuo me abstendo
Das bocas que praguejam qualquer fim…
As curvas do teu corpo e teus cabelos
Atraem o meu frágil coração…
E, preso nessa doce sensação,
Descubro o grande livro de mil selos…
Muita vez acordo entorpecido
Em vales de ossos secos e aflições…
Disperso, à luz do sonho preferido,
Vago triste em outras dimensões.
Foi no teu silêncio
que senti o medo
tão mortal segredo
destroçando tudo…
Vislumbro a lua tão nublada
sozinha lá nos céus espúrios
suspensa, triste e defasada
por trás das nuvens em murmúrios…
Este amor ostentado
renascendo no ser
faz o sonho encantado
desfolhar, fenecer…
Se grafas graves medos nas memórias
nas greves breves dos papéis diversos
o grito grifa dores mil em versos!
Das grossas grotas fogem as histórias:
em grupos grulham novos universos!
Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.
Alphonsus de Guimaraens
O lodo putrefato nas cidades
tem lama, sangue e barro revolvidos
às lágrimas tristonhas de saudades
e a crimes impensáveis cometidos…
A tarde que retumba os vãos sabores,
a mesma que nos traz as alegrias,
sussurra bem baixinho dissabores
e arrasta-me por foscas rodovias…
Dormindo sobre os seios perolados
da airosa dama - deusa dos meus sonhos!
Afundo-me em desejos e pecados
e imerso, tenho intuitos mui bisonhos!