Anjos Suicidas
O voo belo sofre queda retumbante
à luz fúnebre, sob a lua inesperada;
pétalas que despedaçam à alma brilhante
na música silente, silente pancada.
O voo belo sofre queda retumbante
à luz fúnebre, sob a lua inesperada;
pétalas que despedaçam à alma brilhante
na música silente, silente pancada.
A tal paixão não é insana
ela é pura e soberana,
nobre, quieta e bacana
(e do coração emana)…
Ei! Olha a morte vindo na neblina
tragando os sonhos belos e mais novos
a morte vem ceifando com vontade
enquanto durmo sem nada esperar.
Eu perdi a chave que abre o meu peito
trancado para sempre hei de ficar;
Portanto irei apenas amargar
na busca insana por algum efeito…
Chuva de sangue em dia purulento:
quanto vale uma vida quase humana?
A bala é forte e corta até o vento…
redefinição do fim de semana?
Dormimos calmamente igual lacaios;
Entregamo-nos quando o sono é forte…
Não sabemos que as noites são ensaios
para o triste dia da nossa morte.
Ao deus que não existe não suplico
nem ao deus que existe vou suplicar.
Os deuses não são de verdade, explico!
Mas tu não deixarás de acreditar!
O sonho escorregou, levou um baque
e o sonhador acordou num puxão.
Pulso acelerado, eis um breve ataque
há um choque por dentro do coração.
Ecoam na mente os ecos da morte
e velozmente escancaram meu corpo;
ecos retumbantes dum som mui forte,
profundo estímulo aloanticorpo…
Em mil novecentos e trinta e sete
o sangue humano transformou-se em tinta
a humanidade que a todos compete
foi ignorada e loucamente extinta.
O peso do mundo sufocando a morte
a morte sufocada, sufoca a vida
a vida sufocada, sufoca a sorte
a sorte sufocada é mal resolvida.
Olho p’ra o nada e não consigo ver
além do reflexo seco que sou…
Horizonte imitado é o meu ser,
minh’alma ilimitada hibernou…
A traição em tua porta bateu
e três vezes, o teu corpo, invadiu;
perfurou-te na noute à sangue frio,
pintou o chão de vermelho e correu…
Todo o céu está sangrento
chove sangue nos humanos…
São tempos diluvianos…
É preciso engajamento…
Cachoeira venenosa:
os meus olhos têm veneno
meu linguajar é ameno
minha morte é gloriosa.
O cimo celeste silencia o sino
em síntese sacra e silenciosa
sanciona sonhos na viciosa
noute suscetível ao vil destino