Antolhos
As curvas do teu corpo e teus cabelos
Atraem o meu frágil coração…
E, preso nessa doce sensação,
Descubro o grande livro de mil selos…
As curvas do teu corpo e teus cabelos
Atraem o meu frágil coração…
E, preso nessa doce sensação,
Descubro o grande livro de mil selos…
No peito o medo imprime causa e luta…
Na boca o canto ecoa fraco e breve…
Nos braços lestos há fatal conduta…
Na mente, a morte inspira, doma, escreve…
Hei-de pedir-te, amor da minha vida,
Que não te vás, assim tão de repente…
Meu peito gela e fica descontente
Imaginando a tua despedida…
Muita vez acordo entorpecido
Em vales de ossos secos e aflições…
Disperso, à luz do sonho preferido,
Vago triste em outras dimensões.
Acordo no vazio grande
Enquanto o medo ao léu expande…
Voltei no tempo?
Atônito morreu o grande brado…
É brando agora o pátrio braço forte.
A liberdade clama à própria morte…
Não soa mais o canto idolatrado…
Cadavérica morte que avança
Sob os leitos pesados do SUS,
Consumindo a cabal esperança
Dos coitados mortais que seduz…
O soldado ferido lutando
Permanece sofrendo na lida.
Perde sangue, mas inda sangrando
Tece versos, clamor pela vida…
Imensidões de sepulcrais eventos
amortalhando os musicais e os fados
nas multidões de radicais isentos
esbugalhando angelicais sagrados…
Amor que desmorona lentamente
na dor que se sucede devagar…
Rancor que renascendo conivente
conforta o coração a lamentar…
As mães das borboletas
recusam-se a voar…
De tristes ficam pretas
e perdem-se a chorar…
Foi no teu silêncio
que senti o medo
tão mortal segredo
destroçando tudo…
Eu vi aquele vulto na parede
tentando proteger alguma cousa
confuso como pássaro que pousa
na vastidão da noute, mas com sede…
A droga sempre passageira
arrasta muitos aprendizes
na sombra duma mensageira
que os faz pensar que são felizes.
Vislumbro a lua tão nublada
sozinha lá nos céus espúrios
suspensa, triste e defasada
por trás das nuvens em murmúrios…
Na carência do amor consentimos
que o vazio pesado do peito
ultrapasse o mais alto dos cimos.