Em Teu Olhar
Em teu olhar repousa a claridade
Que afasta as sombras todas do caminho.
Teu rosto é calma, é sol, é puro ninho,
Refúgio doce em meio à tempestade.
Em teu olhar repousa a claridade
Que afasta as sombras todas do caminho.
Teu rosto é calma, é sol, é puro ninho,
Refúgio doce em meio à tempestade.
Socorra-me, meu Deus, que sofro tanto!
Minh’alma sangra e grita: Liberdade!
Meu corpo fraco espera piedade…
Perdido assim nos mares deste pranto!
A noite por que passa a negra ave
Varria, tristemente, o véu do mundo…
No denso santuário, a voz suave
Cantava, junto à lira, num segundo.
Os passos do passado são tormentas
E espasmos me causando pesadelos…
Produzem, nas raízes dos cabelos,
As mortes melanínicas e lentas…
Não há soneto belo que descreva
Tamanho desacato à vida humana!
A Morte trabalhava à paisana
Em sua ideia trágica e longeva…
Nas sombras dos comboios de catervas
Alguns Demônios riem das chacinas…
Trabalham para que as carnificinas
Ocultem vidas mortas em Conservas…
Em busca do próprio destaque
Subiu um Cadáver no escuro
Querendo que um flébil ataque
Quebrasse ou rompesse meu Muro…
A cada passo, um passe… Tomo posse
Do afago que me afoga no Prefácio…
O tempo-espaço passa e se contorce
Na última flor do Lácio…
O sofrimento cintilante impera
No reino humano, onde o amor suspira…
A vida sofre e todo o céu delira:
A morte espreita nossa atmosfera…
Nas asas da desgraça me perdi
Caindo no buraco que cavei…
À noite, tudo escuro, então, não vi
O monstro humano que me transformei…
Na frequência do medo, perplexo
Afundei em visões e fracassos…
No torpor do desejo e do sexo
A luxúria travou os meus passos…
Eis o medo que separa:
Coração que pulsa, para…
É um som que reverbera
Musicais da Nova Era…
A pouca força força o homem à forca…
Na fossa, fita os olhos da frieza…
E, fraco, faz-se frágil e, já sem fôlego,
Fenece à fútil frase da Fraqueza…
Se não fosse o teu amor
Eu não seria
O homem que sou agora…
Num pântano repleto de ossaturas
Suspenso, vi-me sob um céu vermelho…
Caindo como chuva as desventuras
Puseram-me, aos poucos, de joelho…
Num susto, distraído, compreendo
Que há cobras espalhadas no Jardim…
Por isso, continuo me abstendo
Das bocas que praguejam qualquer fim…