Gustavo Valério

O Poeta Notívago

Decassílabo

Traços

Trago traços e traumas intratáveis;
são travas que me trancam e atrapalham
os transes cerebrais que mui trabalham
mas não traduzem fatos imutáveis…

Mais Uma Dor

Mais uma dor que chega, chega e fica
trepidando no peito amargurado
despedaçando o amor desperdiçado
dentro do coração que petrifica.

Órbitas Possessivas

Órbitas morais em fatais caveiras,
errantes e lastimáveis viventes,
caricatas figuras vis, doentes
cruzando a morte e a vida nas fronteiras.

Vida que Agoniza

A alva vida lentamente evapora
sucumbe matando o principal sonho;
Flutua no céu amargo e risonho
avermelhado, cru, turvo na aurora.

Anjos Suicidas

O voo belo sofre queda retumbante
à luz fúnebre, sob a lua inesperada;
pétalas que despedaçam à alma brilhante
na música silente, silente pancada.

Versos Negros

Ei! Olha a morte vindo na neblina
tragando os sonhos belos e mais novos
a morte vem ceifando com vontade
enquanto durmo sem nada esperar.

Por Direito!

Eu perdi a chave que abre o meu peito
trancado para sempre hei de ficar;
Portanto irei apenas amargar
na busca insana por algum efeito…

Chuva de Sangue

Chuva de sangue em dia purulento:
quanto vale uma vida quase humana?
A bala é forte e corta até o vento…
redefinição do fim de semana?

Neblinas nos Olhos

Dormimos calmamente igual lacaios;
Entregamo-nos quando o sono é forte…
Não sabemos que as noites são ensaios
para o triste dia da nossa morte.

Revertendo a Morte

Ao deus que não existe não suplico
nem ao deus que existe vou suplicar.
Os deuses não são de verdade, explico!
Mas tu não deixarás de acreditar!