Novo Mundo
Atônito morreu o grande brado…
É brando agora o pátrio braço forte.
A liberdade clama à própria morte…
Não soa mais o canto idolatrado…
Atônito morreu o grande brado…
É brando agora o pátrio braço forte.
A liberdade clama à própria morte…
Não soa mais o canto idolatrado…
Imensidões de sepulcrais eventos
amortalhando os musicais e os fados
nas multidões de radicais isentos
esbugalhando angelicais sagrados…
Amor que desmorona lentamente
na dor que se sucede devagar…
Rancor que renascendo conivente
conforta o coração a lamentar…
Eu vi aquele vulto na parede
tentando proteger alguma cousa
confuso como pássaro que pousa
na vastidão da noute, mas com sede…
Feroz saudade que bate no peito,
minaz desejo que cala meu sonho.
Atroz amor, castigante e suspeito
audaz carinho, dorido e medonho.
Cortante qual adaga o peito fura
o teu amor singrou-me loucamente…
Tal gavião audaz na desventura
voei, chorando, ao céu entorpecente.
O gás carbônico premeu os ares,
pulmões, amores, vidas e direitos…
Desvirginou corais rudimentares,
turvou os mares, antes tão perfeitos!
Se grafas graves medos nas memórias
nas greves breves dos papéis diversos
o grito grifa dores mil em versos!
Das grossas grotas fogem as histórias:
em grupos grulham novos universos!
Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.
Alphonsus de Guimaraens
O lodo putrefato nas cidades
tem lama, sangue e barro revolvidos
às lágrimas tristonhas de saudades
e a crimes impensáveis cometidos…
A tarde que retumba os vãos sabores,
a mesma que nos traz as alegrias,
sussurra bem baixinho dissabores
e arrasta-me por foscas rodovias…
Dormindo sobre os seios perolados
da airosa dama - deusa dos meus sonhos!
Afundo-me em desejos e pecados
e imerso, tenho intuitos mui bisonhos!
Deitar-se em versos do mais ledo horror
ao descrever o tão cruel vazio
É como o altar do meu mais negro amor
chovendo os ais durante o crasso estio…
No passo do ponteiro do relógio
eu, quedo, cauteloso e espavorido
espero o meu fantasma preferido!
Já não é mais amor, é necrológio!
O amor que recebi morosamente
bradava no meu peito em alegria
trancando o frenesi que me ocorria
em campos invernais do inconsciente.
Descompassos serenos que surgiam
desse céu carregado e solitário
de aflições estelares que desciam
como raio venoso, legatário.