Corrida Volátil
Na frequência do medo, perplexo
Afundei em visões e fracassos…
No torpor do desejo e do sexo
A luxúria travou os meus passos…
Na frequência do medo, perplexo
Afundei em visões e fracassos…
No torpor do desejo e do sexo
A luxúria travou os meus passos…
Cadavérica morte que avança
Sob os leitos pesados do SUS,
Consumindo a cabal esperança
Dos coitados mortais que seduz…
O soldado ferido lutando
Permanece sofrendo na lida.
Perde sangue, mas inda sangrando
Tece versos, clamor pela vida…
Na carência do amor consentimos
que o vazio pesado do peito
ultrapasse o mais alto dos cimos.
Nas belezas da vida sonhava
e sonhando queria ser nobre;
a tristeza presente na aljava
e o destino sonâmbulo e pobre…
Abraçada comigo e nervosa
No hospital esperando o momento
Já cansada com medo e chorosa
Ostentando no seio um alento…
Este amor ostentado
renascendo no ser
faz o sonho encantado
desfolhar, fenecer…
De cabelos compridos e pretos
ela vem sufocada e chorosa
caminhando no escuro dos guetos
tão vazia a coitada da rosa…
Asas negras pairando no escuro
sob as ruas vazias e amargas…
São as asas mortais do futuro
bem abertas, sombrias e largas…
Sinto o peso da morte chegando
terminais incolores e aflitos…
Pinto o rosto cismático e brando
confinado em fatais requisitos…
Triste sonho a nascer na bateia:
lama, barro e coragem na enxada.
Muito esforço na vida plebeia
resultando no tudo ou no nada.
Caio nesta amplidão dolorida
fracassado por muitas batalhas…
Ilusórias vitórias na vida
são desejos vitais ou canalhas?
Os maus planos e seus malfeitores
prendem laços e traços em trapos
desumanos; terríveis farrapos
dominando alguns homens e cores.