Pulso Solar

Gustavo Valério Ferreira

De sol em sol o amor andou tão solitário
e em voos abismais dissipou-se sofrido
em dor a reclamar do ódio comunitário
turvou a languidez do não-ser oprimido.

E esse ódio visceral no peito temerário
move o magma imortal no espaço comprimido;
pulsando à explosão do dia embrionário
expandindo a visão em fogo compelido.

De sol em sol o aval tornou-se hereditário;
cada raio solar em trevas envolvido
era vida a gerar um novo sedentário.

E aquele turvo amor, etéreo embevecido
em ondas orbitais - céu interplanetário -
foi pulso inicial do breu desconhecido.