Penumbra

Gustavo Valério Ferreira

Como preso fiquei neste anoitecer maro
Estranho ao que sei; meu belo dia penumbra
Absorvendo esta luz que a alegria ressumbra
o tenro medo induz - futuro - mal ignaro.

Necessário calor escurecendo o claro;
É doce, a gentil dor, nosso fôlego lumbra…
A vida é torpor que nos dias obumbra
chamada só de amor, pros loucos anteparo.

A morte é o condão que no humano vislumbra
E o nosso coração, tão fraco se deslumbra
e morto, vai ao chão, vê na cova um amparo.

E fiquei preso aqui, onde o canto reslumbra
E num vulpino fim, a alma, cansada, alumbra
e no último sorrir, paga o preço mais caro.