O Verbo Pobre

Gustavo Valério Ferreira

Os sonhos doudos doutros homens domam
os sonhos desses homens que não pensam.
Homens que comem, cansam mas condensam;
que casam, caçam, cantam mas não somam…

Os planos toscos doutros bichos tomam
os planos bons dos bichos que compensam.
Bichos que traem para que outros vençam
que roubam, matam para que os seus comam.

Bicho-homem, homem-bicho no lixão
terrestre tal campestre cava o chão
à procura dos restos que lhe restam…

Pobre homem, bicho pobre no caixão
da má sorte minguando o corte à mão
formal dos santos pravos que lhe crestam.