O Grito

Gustavo Valério Ferreira

Dorme tarde e mui cedo se levanta,
vive somente para trabalhar;
…Ainda sabe o que é transpirar
pois no olhar triste a lamentar, decanta.

E seu lamento aos poucos se agiganta
a sua vida quase a suplantar;
recolhe-se ao léu, sem céu p’ra voar,
choca-se no ar, na terra se aquebranta…

Em pedaços no chão a se espalhar
numa velocidade que abrilhanta
queima-se na luz, véu subliminar…

De tanto tentar, a morte suplanta
a vida fraca ainda a respirar
no último grito preso na garganta.