Os meus sonetos escorrem d’um corte
dentro de mim, desde o antigo inverno;
Dele provém versos sem qualquer norte,
nascem palavras no silêncio alterno.
Os meus sonetos não têm grande porte
mas pretendo que cada um seja eterno;
que acalme, amanse, sufoque e conforte
todos que me leem como fraterno.
Meus sonetos são névoas de suporte
que transpassam dos olhos ao esterno
destroçando más neblinas de sorte.
Não sou poeta e fujo do superno
enquanto faço poemas à morte
versificando este meu próprio inferno.