Infinito

Gustavo Valério Ferreira

Escafedeu dos seus olhos, o grito
num forte ímpeto quebrou seu pescoço;
foi um baque retumbante - alvoroço!
foi um som triste, mortal e erudito.

Foi um voo planejado, restrito;
não houve emoção, razão ou esboço
desse plano final, fatal, insosso,
do medo de enfrentar qualquer conflito.

O tempo parou e afundou no poço,
o mundo sem tempo tornou-se aflito,
o poço era fundo; o tempo remoço.

Olhos fixos, horizonte contrito
estilhaçando ao estilhaçar do osso
quebrando as juntas do meu infinito.