Desapareceu de dentro do peito
o meu coração. O que faço agora?
Emudeço à dor carnal que deflora
a alma em musicais vazios, sem pleito?
Ou descrevo o algoz - meu próprio defeito -
nos ventos finais que levam embora
tudo o que restou? E como quem chora
em silêncio, sangro um verso imperfeito
buscando uma luz ou talvez a morte
(versificação fatal da má sorte)
para energizar o meu esqueleto
Despertando o poeta audaz e ligeiro
que inda sussurrava o fel derradeiro
nas estrofes deste infame soneto!