De Fato
Gustavo Valério Ferreira
Soneto
De fato, já não sinto o sol no rosto
Nem vejo mais o vento galopando…
O tempo é matemática e, imposto,
É cântico mortal, moroso e brando…
De fato, o último Condão composto
Foi expressão de morte e dor somando
Partículas de caos e atroz desgosto…
Eis um soneto meu agonizando!
Já não enxergo bem o que me espera…
Talvez o brilho negro da exosfera
Que na garganta causa inflamação?
A minha voz tornou-se minha Fera
Enquanto o meu silêncio dilacera
Os versos meus em decomposição…