Alma

Gustavo Valério Ferreira

Minh’alma penando nas madrugadas
pagando pecados, esperando a hora
que este mundo a deixará ir embora
loucamente por escuras estradas.

E arrastando-se em eternas calçadas
ela grita, resmunga, canta e chora;
sua tristeza, aos poucos a devora
co’ antigas lembranças deturpadas…

Sua bondade, devagar, deflora
em novas memórias tão desgraçadas
que colidiram nos tempos, outrora…

E perdida entre outras almas penadas,
no vazio que em nada colabora
morre nas sombras anastomosadas.