À Porta

Gustavo Valério Ferreira

Olhos graves, a morte bate à porta;
na hora do medo até o tempo congela…
O coração pulsa sugando a aorta
pois por dentro dele há uma procela…

O ar esfria, a maçaneta se entorta,
escondo-me rápido, com cautela,
nesse momento, nada mais importa
somente me livrar dos rastros dela…

Cheiro de enxofre… Meu nariz suporta…
A morte tenta entrar pela janela
porém a fechadura está mui torta…

E volta à porta como sentinela
com tanta força, a porta não suporta…
A morte deixou só minha chinela.

Narração: