A Lua

Gustavo Valério Ferreira

Presa neste céu solitário, a lua

vai morrendo nas noites devagar;

enquanto nós dormimos, a sonhar,

os poetas sua morte atenua…

Talvez já seja o fantasma da lua

na escuridão longínqua a postergar

a morte que cedo ou tarde virá

(a morte que co’ a vida compactua)…

E quando este dia ruim chegar

a lua, aos poucos, se apagará

na solidão terna que à noite estua…

Sem enfeites o céu não brilhará,

o namorado não namorará

e o amor perder-se-á no meio da rua…