À Porta
Olhos graves, a morte bate à porta;
na hora do medo até o tempo congela…
O coração pulsa sugando a aorta
pois por dentro dele há uma procela…
Olhos graves, a morte bate à porta;
na hora do medo até o tempo congela…
O coração pulsa sugando a aorta
pois por dentro dele há uma procela…
Da galáxia mais distante do verso,
na imensidão escura e redundante,
no espaço-tempo lírico e instigante,
ergue-se o epicentro controverso.
Escafedeu dos seus olhos, o grito
num forte ímpeto quebrou seu pescoço;
foi um baque retumbante - alvoroço!
foi um som triste, mortal e erudito.
Dorme tarde e mui cedo se levanta,
vive somente para trabalhar;
…Ainda sabe o que é transpirar
pois no olhar triste a lamentar, decanta.
Não vês! Não é a vida que me anima
tampouco a busca por felicidade;
Não! Não é o futuro da humanidade
que nos fará recalibrar o clima.
A voz dela amor exala;
seu perfume é um segredo
da bondade é arremedo
é sofrer em grande escala.
Alguns humanos são como erva daninha
afirmam saber quase toda a ciência
porém para obtê-la, não têm paciência
e sobrevivem numa vida mesquinha.
Sorte é importante no status quo
desta sociedade; é adereço
que serve também como um endereço
que leva o mundo a um estado oblíquo.
O teu amor por mim é extraterrestre
e excede o que posso compreender…
Tu tentas, aos poucos me reviver
mas sou vazio e da frieza, um mestre.
A eterna saudade que hei de sentir
haverá de me matar lentamente
e pranteando copiosamente
tento, no inferno, não imiscuir.
Eis que o fim está próximo, digo,
logo, toda a dor há de findar
e de toda a paz poderei gozar
sem ter o tempo como inimigo.
O amor à vida apenas nos azeda
torna-nos amargos e ignorantes
ácidos, egoístas e arrogantes
alimentando aquilo que nos veda.
Minh’alma penando nas madrugadas
pagando pecados, esperando a hora
que este mundo a deixará ir embora
loucamente por escuras estradas.
Lá vem a minha querida donzela,
vem dançando entre os vendavais, tão pobre
e faz com que o tempo congele e dobre
nas ruas assombrosas da favela.
Ganho vida ao tocar meu violino
e d’um sonho transcendental acordo
viajando em suas notas, transbordo
num mar calmo, pacífico e divino.
Tempo nada tem além da ilusão
que tudo detêm pois é a razão
que rouba veloz pedaços de vida;
o tempo é algoz, é fera ferida…