Maria
A droga sempre passageira
arrasta muitos aprendizes
na sombra duma mensageira
que os faz pensar que são felizes.
A droga sempre passageira
arrasta muitos aprendizes
na sombra duma mensageira
que os faz pensar que são felizes.
Nas belezas da vida sonhava
e sonhando queria ser nobre;
a tristeza presente na aljava
e o destino sonâmbulo e pobre…
Abraçada comigo e nervosa
No hospital esperando o momento
Já cansada com medo e chorosa
Ostentando no seio um alento…
Feroz saudade que bate no peito,
minaz desejo que cala meu sonho.
Atroz amor, castigante e suspeito
audaz carinho, dorido e medonho.
Cortante qual adaga o peito fura
o teu amor singrou-me loucamente…
Tal gavião audaz na desventura
voei, chorando, ao céu entorpecente.
De cabelos compridos e pretos
ela vem sufocada e chorosa
caminhando no escuro dos guetos
tão vazia a coitada da rosa…
O gás carbônico premeu os ares,
pulmões, amores, vidas e direitos…
Desvirginou corais rudimentares,
turvou os mares, antes tão perfeitos!
A morte
resvala
e fala:
Desporte!
O forte,
sem bala,
se cala…
— Tem porte?
Pelos bordéis cruéis da vida louca,
pelas calçadas, de cimento, frias
tu, andarilha perspicaz, seguias
e tua vida suplicava rouca…
Relembro quando a tua face bela
pairava em meus esparsos pensamentos;
Teus olhos quais pintura numa tela
fitando os meus, molhados, aguacentos.
Aqui, na casa amarga, os meus soluços
afligem vários sonhos ilusórios
fazendo-me sentir os acessórios
da triste sina a machucar-me os pulsos…
O sangue que jorrou morosamente,
marcando um temporal, um infortúnio
foi resultado duma insana mente,
descuido atroz durante um plenilúnio…
Anoitecendo em vendavais incertos
e sucumbindo aos pesadelos tristes
em vãos lamentos lancinantes vistes
a luz final por entre os céus abertos!
Assim que acordei mirei no horizonte
dois passos andei e os olhos arderam
senti-me mui mal, meus céus forneceram
um sonho abissal na face simbionte
Joguei os fatais jogos ignorantes
navegando em naus feitas por terceiros…
Sofri colisões pelas incessantes
certezas surreais de ideais aborteiros…
A fúnebre voz de lírios augustos
ressoam aqui dentro da minha alma
no eco circular - delírios robustos -
da estrela de luz, luzerna que acalma…