O Buraco

Gustavo Valério Ferreira

Nas asas da desgraça me perdi
Caindo no buraco que cavei…
À noite, tudo escuro, então, não vi
O monstro humano que me transformei…

A lua, lá no topo, me encarando
Como se eu fosse lobo ou lobisomem…
O medo, no meu peito, soluçando
Enquanto as cores mortas me consomem…

O céu é tão pequeno… Posso ver!
O escuro veste a noite de mansinho…
Estrelas são as almas que, cedinho,
Sucumbem ao terror do amanhecer…

No fundo do buraco, só, padeço
Sem descobrir jamais o meu lugar…
Percebo todo o céu a me julgar
Enquanto, lentamente, anoiteço…