Se grafas graves medos nas memórias nas greves breves dos papéis diversos o grito grifa dores mil em versos! Das grossas grotas fogem as histórias: em grupos grulham novos universos!
O poema acima é um desafio segundo as regras:
1. Cada verso faz assonância com uma vogal.
2. A ordem deve ser correta: AEIOU.
3. Cada verso faz aliteração com pelo menos uma consoante.
4. Os versos devem ser livres de metaplasmos.
Assim temos GRA/GRE/GRI/GRO/GRU na estrofe.
Optei por reforçar e repetir os dígrafos como uma forma de transferir ao leitor a dificuldade tanto na construção do poema, como para relembrar dos tempos difíceis que estamos vivenciando.
Hão de chorar por ela os cinamomos, Murchando as flores ao tombar do dia. Dos laranjais hão de cair os pomos, Lembrando-se daquela que os colhia. Alphonsus de Guimaraens
No coração, os pulsos das tristezas podem mudar o viço do que somos? As dores fúlgidas nos são defesas… Hão de chorar aos céus os cinamomos!
Humanos são demônios agradáveis enquanto presos em divinos domos… Porém libertos dos umbrais instáveis esmurram, não o Physis, mas o Nomos!
O poema acima é resultado de um desafio feito entre o autor e um amigo, Gabriel Zanon Garcia.
DO DESAFIO:
Fazer um poema obedecendo as seguintes regras:
1. Versos isométricos
2. Sem metaplasmos
3. Ter 2 quartetos
4. Rimar todos os versos (rima soante)
5. Usar todos os sons vocálicos por verso
6. Usar o vocábulo “céu” na 6ª tônica do verso 4.
Observe que a vogal não precisa aparecer graficamente, basta que o fonema seja representado.
Sendo assim, a vogal “O” e a consoante “L” podem representar o som da vogal “U” em algumas palavras; A vogal “E” pode, do mesmo modo, representar a vogal “i”.
Não é apenas a presença da vogal que importa, mas o fonema. Sendo assim, a vogal e pode substituir a vogal i nalguns casos, assim como a vogal o e a consoante l podem substituir a vogal u.
A tarde que retumba os vãos sabores, a mesma que nos traz as alegrias, sussurra bem baixinho dissabores e arrasta-me por foscas rodovias…
Conquanto os vastos campos incolores dominam minhas ânsias mais sombrias… Harpejo tantas odes de temores que verto sangue pelas áureas vias…
O verbo que macula toda a gente, o mesmo que nos traz alguns delírios, congloba toda a astúcia da serpente lançando-nos em pessoais martírios.
Jazendo errante em minha sombra ausente — a tarde e o verbo são amargos lírios — ofendo a luz em teu silêncio ardente nos descaminhos fúnebres dos círios.
E em versos esta horrenda e insana treva que arrastas pela senda mais soturna… Conserva a monstruosa e quente ceva no canto da ave tétrica e noturna…
Perdido nesta noite em ti, ó Eva, apenas vejo a sombra taciturna… Contemplo o teu poema que me eleva e calmamente fecho a tua urna.
Deitar-se em versos do mais ledo horror ao descrever o tão cruel vazio É como o altar do meu mais negro amor chovendo os ais durante o crasso estio…
E em tua pele mórbida, um tumor emurchecendo o teu mais belo brio… Mas neste sórdido e perturbador poema, apenas és um sonho frio.
Escravo preso ao teu condão medonho concedo o amor ao sangue que despejo enquanto quedo, afundo nesse sonho e perco a essência para o teu desejo…
Estarrecido, a mão no peito ponho… Sob tua pólvora a este mar rastejo ensaguentado e fraco, mas risonho eu solto um cuspe em teu boçal cortejo!
No passo do ponteiro do relógio eu, quedo, cauteloso e espavorido espero o meu fantasma preferido! Já não é mais amor, é necrológio!
Aguardo, sempre alegre, os equinócios… No espelho, aqui, parado e mui perplexo à meia-noite vejo o teu reflexo! Já não é mais amor, são nossos ócios!
A morte e a vida presas num ilídio… Almejo achar o bóson da existência pra libertar, enfim, a minha essência! Já não é mais amor, é suicídio!