poema

Cada Passo

A cada passo, um passe… Tomo posse
Do afago que me afoga no Prefácio…
O tempo-espaço passa e se contorce
Na última flor do Lácio…

Nas rotas e rotinas das Retinas
É mais fácil observar que absorver…
Pessoas têm seus Ramos, mas as rimas
Arrotam raro prazer…

Em cada passo pulsam várias sílabas…
A forte deve ser a predileta?
Nas frases soariam várias cítaras!
Mas o primata se tornou poeta…

Gustavo Valério Ferreira

poema

O Sofrimento

O sofrimento cintilante impera
No reino humano, onde o amor suspira…
A vida sofre e todo o céu delira:
A morte espreita nossa atmosfera…

A nossa mente - nosso firmamento -
Anuviada e cheia de temores,
No retumbar de lúridos tambores
Ostenta o medo mais sanguinolento…

O sofrimento que cintila, ofusca
Toda a visão do homo sapiens sapiens…
A imensidão preenche com miragens
Cada centímetro da nossa busca.

Se a vida sofre, evolui também!
Pois nossa mente é como um armazém
Guardando tudo, até a morte brusca…

Gustavo Valério Ferreira

poema

O Buraco

Nas asas da desgraça me perdi
Caindo no buraco que cavei…
À noite, tudo escuro, então, não vi
O monstro humano que me transformei…

A lua, lá no topo, me encarando
Como se eu fosse lobo ou lobisomem…
O medo, no meu peito, soluçando
Enquanto as cores mortas me consomem…

O céu é tão pequeno… Posso ver!
O escuro veste a noite de mansinho…
Estrelas são as almas que, cedinho,
Sucumbem ao terror do amanhecer…

No fundo do buraco, só, padeço
Sem descobrir jamais o meu lugar…
Percebo todo o céu a me julgar
Enquanto, lentamente, anoiteço…

Gustavo Valério Ferreira

quarteto

Corrida Volátil

Na frequência do medo, perplexo
Afundei em visões e fracassos…
No torpor do desejo e do sexo
A luxúria travou os meus passos…

Soluções arbitrárias surgiram
Pra manter-me naquele disfarce.
Mas, um dia, meus sonhos ruíram
Provocando uma enorme catarse.

E naquela visão desalmada
Descobri o maior dos engodos
Retirei, dos meus olhos, os lodos
E lancei-me no fundo do Nada!

Ao cair, revisei o passado:
De que vale viver na corrida
Por prazeres voláteis da vida
E manter-se vazio e quebrado?

Gustavo Valério Ferreira

poema

O Medo

Eis o medo que separa:
Coração que pulsa, para…

É um som que reverbera
Musicais da Nova Era…

Traz ao homem que delira
Milenares tons da Lira…

Sacra Lira que vigora
Do vazio do peito afora…

Eis o medo que sutura:
Coração sofrendo, cura.

Gustavo Valério Ferreira

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Futilidades

A pouca força força o homem à forca…
Na fossa, fita os olhos da frieza…
E, fraco, faz-se frágil e, já sem fôlego,
Fenece à fútil frase da Fraqueza…

Nos sonhos somos simples firmamentos…
Sonâmbulos surfando a morte à foz…
Sem forças, somos frouxos filamentos:
Flagelos fictícios dos Anzóis…

Martelos matam mais que mil heróis…
Os Mitos imorais não são modelos…
Se há mácula no manto, não há glória…
Se há glória e sangue humano, falta zelo…
Se falta zelo, falta-nos memória…

A louca força força o Homem à forca:
Enforca os seus iguais o tal Herói…
Feliz, mantém o medo que lhe mói,
Enquanto morre à míngua pela boca.

Gustavo Valério Ferreira

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Não Vês

Se não fosse o teu amor
Eu não seria
O homem que sou agora…

Se não fossem os teus cuidados
Eu morreria
Nos passos lentos da Hora…

Não vês que nada tenho
Exceto a ti?

Não vês que, pros meus olhos,
És Colibri…

Não vês, pois teus espelhos
Já choraram
Toda a água do mar…

Não vês, pois consumi
Todo o teu Sol…
Deixando o Horizonte
A soluçar…

Gustavo Valério Ferreira

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