Nas asas da desgraça me perdi Caindo no buraco que cavei… À noite, tudo escuro, então, não vi O monstro humano que me transformei…
A lua, lá no topo, me encarando Como se eu fosse lobo ou lobisomem… O medo, no meu peito, soluçando Enquanto as cores mortas me consomem…
O céu é tão pequeno… Posso ver! O escuro veste a noite de mansinho… Estrelas são as almas que, cedinho, Sucumbem ao terror do amanhecer…
No fundo do buraco, só, padeço Sem descobrir jamais o meu lugar… Percebo todo o céu a me julgar Enquanto, lentamente, anoiteço…
A pouca força força o homem à forca… Na fossa, fita os olhos da frieza… E, fraco, faz-se frágil e, já sem fôlego, Fenece à fútil frase da Fraqueza…
Nos sonhos somos simples firmamentos… Sonâmbulos surfando a morte à foz… Sem forças, somos frouxos filamentos: Flagelos fictícios dos Anzóis…
Martelos matam mais que mil heróis… Os Mitos imorais não são modelos… Se há mácula no manto, não há glória… Se há glória e sangue humano, falta zelo… Se falta zelo, falta-nos memória…
A louca força força o Homem à forca: Enforca os seus iguais o tal Herói… Feliz, mantém o medo que lhe mói, Enquanto morre à míngua pela boca.