Os meus sonetos escorrem d’um corte dentro de mim, desde o antigo inverno; Dele provém versos sem qualquer norte, nascem palavras no silêncio alterno.
Os meus sonetos não têm grande porte mas pretendo que cada um seja eterno; que acalme, amanse, sufoque e conforte todos que me leem como fraterno.
Meus sonetos são névoas de suporte que transpassam dos olhos ao esterno destroçando más neblinas de sorte.
Não sou poeta e fujo do superno enquanto faço poemas à morte versificando este meu próprio inferno.
Gustavo Valério Ferreira 05/08/2018 Olhares pasmos, interpretativos amargurados por grande tortura refletem a morte, e na sepultura espasmam os últimos sugestivos…
Olhares silenciosos, cativos espelham uma alma vil, quase pura a respirar morte na desventura de pesadelos reais e abortivos.
A dor é sentida como ternura, e o fel como mel; triste criatura co’ efeitos colaterais cognitivos…
O amor à vida torna-se sutura; E o algoz tornou-se autor da estrutura que fez o sapiens primitivus .
Gustavo Valério Ferreira 03/08/2018 No timbre insano da música aflita meu coração torna-se permeável e na tortura interna e deplorável ele sofre calado, mas milita.
Tenta fugir das notas que limita e soltar-se da corda miserável que o faz sofrer do mal inenarrável tão denso que até o impossibilita
de ser bem mais que um pulso inigualável na sinfonia interior erudita da música sacra indissociável…
E a música externa sem paz conflita co’ essa música interna inexorável que faz noss’alma ser cosmopolita.
Gustavo Valério Ferreira 02/08/2018 Olhos graves, a morte bate à porta; na hora do medo até o tempo congela… O coração pulsa sugando a aorta pois por dentro dele há uma procela…
O ar esfria, a maçaneta se entorta, escondo-me rápido, com cautela, nesse momento, nada mais importa somente me livrar dos rastros dela…
Cheiro de enxofre… Meu nariz suporta… A morte tenta entrar pela janela porém a fechadura está mui torta…
E volta à porta como sentinela com tanta força, a porta não suporta… A morte deixou só minha chinela.
Narração:
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Gustavo Valério Ferreira 30/07/2018 Da galáxia mais distante do verso, na imensidão escura e redundante, no espaço-tempo lírico e instigante, ergue-se o epicentro controverso.
Objeto humanoide, reles e adverso não estuda o obscuro e inda ignorante considera-se obra-prima impactante num pedaço de Terra e céu disperso.
Sou só poeira estelar meliante resultado do acidente transverso, ignição desta vida petulante.
Sou humanoide e também sou perverso mas nunca fui vital ou importante p’ra a existência de qualquer universo.
Gustavo Valério Ferreira 19/07/2018 Escafedeu dos seus olhos, o grito num forte ímpeto quebrou seu pescoço; foi um baque retumbante - alvoroço! foi um som triste, mortal e erudito.
Foi um voo planejado, restrito; não houve emoção, razão ou esboço desse plano final, fatal, insosso, do medo de enfrentar qualquer conflito.
O tempo parou e afundou no poço, o mundo sem tempo tornou-se aflito, o poço era fundo; o tempo remoço.
Olhos fixos, horizonte contrito estilhaçando ao estilhaçar do osso quebrando as juntas do meu infinito.
Gustavo Valério Ferreira 18/07/2018 Dorme tarde e mui cedo se levanta, vive somente para trabalhar; …Ainda sabe o que é transpirar pois no olhar triste a lamentar, decanta.
E seu lamento aos poucos se agiganta a sua vida quase a suplantar; recolhe-se ao léu, sem céu p’ra voar, choca-se no ar, na terra se aquebranta…
Em pedaços no chão a se espalhar numa velocidade que abrilhanta queima-se na luz, véu subliminar…
De tanto tentar, a morte suplanta a vida fraca ainda a respirar no último grito preso na garganta.
Gustavo Valério Ferreira 09/07/2018 Não vês! Não é a vida que me anima tampouco a busca por felicidade; Não! Não é o futuro da humanidade que nos fará recalibrar o clima.
Destruímos o planeta obra-prima saciando nossa necessidade; a natureza em flor, em puberdade desfez-se em sonho breve, sem colima.
Nossos planos sem reciprocidade são como aquela bomba de Hiroshima pronta pra luzir com sonoridade.
O orbe da morte compõe a rima e as luzes solitárias da cidade desconhecem o mal que se aproxima.
Gustavo Valério Ferreira 04/07/2018 A voz dela amor exala; seu perfume é um segredo da bondade é arremedo é sofrer em grande escala.
Ela, brandamente fala e seu linguajar é ledo que me condena ao degredo e põe-me numa senzala.
Por seu caro amor, excedo a razão como uma bala inda me perco, de medo…
E como haverei de amá-la se eu aprendi desde cedo não amar quem me apunhala?
Gustavo Valério Ferreira 29/06/2018 Alguns humanos são como erva daninha afirmam saber quase toda a ciência porém para obtê-la, não têm paciência e sobrevivem numa vida mesquinha.
Na mesquinhez proclamam em ladainha que conhecem da natura humana, a essência e experientes na arma da prepotência sequer andam, voam como uma fadinha…
Somente alimentam a concupiscência de crer que quase tudo é um probleminha que logo se desfará em leniência…
E presos dentro desta ignóbil caixinha não conseguem explicar com competência o segredo das asas da joaninha.
Narração:
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Gustavo Valério Ferreira 28/06/2018 Sorte é importante no status quo desta sociedade; é adereço que serve também como um endereço que leva o mundo a um estado oblíquo.
E lá não há ajuda nem de propínquo e é improvável obter recomeço antes de pagar todo e qualquer preço de abusar deste recurso longínquo.
É certo saber antes do tropeço que a sorte é o caminho mais avesso cujo destino é um lugar iníquo.
Pela sorte não tenho algum apreço, faço só, o meu fim e o meu começo e este modo de viver é relíquo.
Narração:
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Gustavo Valério Ferreira 27/06/2018 O teu amor por mim é extraterrestre e excede o que posso compreender… Tu tentas, aos poucos me reviver mas sou vazio e da frieza, um mestre.
Desejas-me há muito mais d’um semestre e mediante a teu tanto sofrer sequer aparentas desfalecer… És mui jovem porém forte; és rupestre.
Esse modo estranho de me querer diferente e difícil de entender corre em meu coração feito um pedestre.
E eu, mui louco, mas tentando aprender como é que faço para reacender minh’alma morta, gélida e terrestre.
Narração:
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Gustavo Valério Ferreira 26/06/2018 A eterna saudade que hei de sentir haverá de me matar lentamente e pranteando copiosamente tento, no inferno, não imiscuir.
Parece impossível desconstruir as lembranças tuas na minha mente que aparecem e exponencialmente tentam rapidamente me excutir…
Morrestes, mas voltas frequentemente a visitar meus sonhos; e a sorrir matas-me com teu amor comovente.
Eu já não consigo mais te impedir pois nosso fim é, paradoxalmente a nossa única forma de existir.
Gustavo Valério Ferreira 25/06/2018 Eis que o fim está próximo, digo, logo, toda a dor há de findar e de toda a paz poderei gozar sem ter o tempo como inimigo.
Espero solitário e consigo por muito mais, ainda esperar aguardo a paz contextualizar o descanso que terei como amigo.
Não preciso sequer agonizar pois não existe sombra de perigo que seja capaz de me atrapalhar…
Terei o descanso como castigo, vida e morte num harmonizar bem dentro do meu eterno jazigo.
Gustavo Valério Ferreira 23/06/2018 O amor à vida apenas nos azeda torna-nos amargos e ignorantes ácidos, egoístas e arrogantes alimentando aquilo que nos veda.
Tal amor, nossa cegueira leveda em visões singelas e contrastantes que se destacam em interessantes situações que o egoísmo enreda.
O amor à vida traz exorbitantes preços obscuros e decepcionantes e exige nossa alma como moeda.
Vivemos a vida como imigrantes deste amor que nos torna coadjuvantes ’té acordarmos na última queda.
Gustavo Valério Ferreira 20/06/2018