soneto

O Ponto

Há um ponto final nas frases dessa vida.
É o ponto normal que no corpo ponteia.
Ponto-fogo fatal que até nos desnorteia.
Ponte paranormal d’água desconhecida.

Há uma queda abissal no infinito da lida
anexa ao laboral transpirar de cadeia
na prisão do eu real embasado na areia
atômica hiemal e biopesticida.

O ponto pontual faz parte duma teia
finita, universal, sacra e liberticida;
O ponto acidental do início que incandeia…

O tal ponto é igual e qualquer um liquida
Sendo do bem ou mal mesmo assim te permeia.
Há um ponto final nas fases dessa vida.

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Poema Transverso

Há milhares de sóis no universo do verso,
há galáxias de luz luzindo belas rimas,
há grandezas além do que tu vês e estimas:
cada letra é um sol no verso do universo.

Os satélites são os acentos no inverso;
são luas naturais das belas obras-primas
que o poeta transcreve açorado de enzimas
nos lívidos papéis do pensamento imerso.

Há vida inconsciente em poemas que estimas
e aventuras cabais no texto mais adverso
mesmo nos abismais há variados climas!

Vida subliminar no poema transverso:
sujeitos, orações, verbos que subestimas
quando não lês ou vês o profundo do verso!

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Abraço Escuro

Não foi a morte quem abraçou a minh’alma
foi minh’alma soturna e asmática e devassa
que co’ ela se abraçou. Entregue a vida crassa,
não houve alternativa: A morte trouxe calma.

Em busca duma cura abissal p’ra o seu trauma
calmamente voou. A liberdade grassa
na sua mente solta e livre e leve e escassa…
Muito tempo se passa e agora há grande encauma.

Depois do abraço escuro, o mundo alou sem graça
e o espírito lesto ocupara o eixo d’alma,
causando-lhe uma dor alva que lhe transpassa…

Gritos azuis de dor; o inferno fogo espalma
e no fogo a alma surge envolta em biomassa.
O inferno me devolve a vida como agalma.

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Letras de Sangue

Meus diversos boçais textos, irreversíveis
em folhas de papéis vivos, brancos, funestos;
expressões anormais de anseios vagos, lestos;
gritos rotos sem paz, lágrimas descritíveis…

Letras de sangue e fel em versos insensíveis
abala a pouca fé, assoreia meus restos
no interno escurecer dos desejos honestos;
meu sangue em verso e prosa aqui: vozes fusíveis.

Meu choro apenas é sombra dos manifestos
das letras que não são simples indivisíveis
mas revelam somente os meus eus indigestos.

Meu soneto contesta e sangra em rimas críveis,
suas estrofes são ossos podres, infestos
de morte enquanto lês meus lírios desprezíveis.

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Para Fora

Entrar fora do mundo ousando descobertas
exigiu ambição e gran’ tecnologia;
Vermelhos Sociais dalém da guerra-fria
criaram nova base e geraram alertas…

Ousaram ir além das certezas incertas
das trêmulas ações de assaz topologia;
orbitaram no espaço e em bem menos de um dia
a Vostok 1 deixou as nações boquiabertas!

A Torre de Babel gerou isonomia
e também validou Vaga Democracia.
Gagarin foi O Herói das almas vis e espertas.

E fora do ovo azul, chorando de alegria
Yuri sente o sabor d’alma em epifania;
não enxergando deus viu galáxias abertas!

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Graves Tinidos

Os sons da morte têm vida e graves tinidos;
metálicos faróis de pólvora ecoando
na cabeça sangrenta; há almas ressoando
no espaço assustador de astros desconhecidos.

Os ecos musicais dos sons indefinidos
sinéreses de dor e prazer percolando
os olhos num fitar fatal, perambulando
o corpo e o corte em tons de azuis envilecidos.

O caso é casual mas vem nos destroçando,
e cala, castra e queima os sonhos coligidos
sem ao menos nos dar qualquer tempo sobrando…

Os sons da morte são espasmos suprimidos
das notas imortais do eu finito acordando
enquanto a carne é morta ao léu dos esquecidos.

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Destroços Internos

Neste eterno arrastar, destroços e cabelos
estão a revoar em sonhos desprezíveis
querendo ultrapassar os mais difíceis níveis
da vida crua em flor; conseguirei vencê-los?

Neste interno arrastar dos ossos e cabelos
estou a me matar em lutas impossíveis
as quais não vencerei pois são imprevisíveis
mas não desistirei, enfrento os pesadelos!

No intenso amortecer das vidas imiscíveis
eu rastejando vou sozinho combatê-los
sem ajuda qualquer dos homens insensíveis…

O tenso amanhecer não derreteu os gelos
de sangue já sem cor, marcas inesquecíveis
da minha guerra atroz, dos próprios atropelos.

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Im[pacto]

O verbo ódio nasceu e causou grande impacto;
à luz escureceu esplendorosas vozes
desfazendo o apogeu das vítimas e algozes
ruindo a solidão num modo mais compacto.

A vítima sem deus pressente-se coacto
ao nascer do não ser das emoções ferozes;
política cruel de milícias velozes
em polícias fiéis ao depravado pacto.

A vendida nação entregue aos albatrozes
espera salvação dos homens mais atrozes
de secos corações - bem mais secos que um cacto.

O verbo ódio floriu em caras simbioses;
O fantasma sorriu gerando apoteoses
e o tempo lhe partiu mas não ficou intacto.

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Órbitas Possessivas

Órbitas morais em fatais caveiras,
errantes e lastimáveis viventes,
caricatas figuras vis, doentes
cruzando a morte e a vida nas fronteiras.

Órbitas fatais, desiguais maneiras
espalham-se por entre as várias mentes;
são almas malévolas, mas cogentes
que nos conduzem às más ribanceiras.

Almas desalmadas e penitentes
perdidas em órbitas decadentes
procurando pessoas altaneiras.

Se encontram humanos convalescentes
as almas sombrias e dirimentes
se apossam em visitas rotineiras.

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Vida que Agoniza

A alva vida lentamente evapora
sucumbe matando o principal sonho;
Flutua no céu amargo e risonho
avermelhado, cru, turvo na aurora.

O sino maldito insinua a hora
e levemente à mão no peito ponho
sinto o último revoar tristonho
da ebúrnea alma triste que vai embora.

É penoso ver tal ato medonho
forçando a vida no passo enfadonho
a calcorrear sem aura nem glória.

Vida seca sem descanso, suponho
que a tua morte foi o único sonho
realizado em toda tua história.

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Anjos Suicidas

O voo belo sofre queda retumbante
à luz fúnebre, sob a lua inesperada;
pétalas que despedaçam à alma brilhante
na música silente, silente pancada.

Jaz no baque sutil o medo castigante
de quem voou eternamente para o nada
restou a dor e o desespero lancinante
de quem achou o anjo sem luz na madrugada.

Ismália na torre e seu sonho angustiante
vê Ofélia lá no rio sendo afogada
mas ninguém vê pois a lua está ofuscante…

Ismália pula, Ofélia jaz desacordada
sem conseguir nadar vê-se insignificante
perante a lua e o mar se perde imaculada.

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Sândalo

A tal paixão não é insana
ela é pura e soberana,
nobre, quieta e bacana
(e do coração emana)…

É um amor, mas à paisana
faz no peito uma cabana
eleva-nos ao nirvana
e porém nunca se explana.

Em mim, como um pé-de-cana
nasceu, cresceu e me ufana
canalizando-me em Roana.

Ela é musa paraibana
bem mais intensa que a arcana
musa de Copacabana.

Soneto em redondilha maior
em homenagem a amizade
mais pura e sincera
que já vi entre um homem
e uma mulher.
A Danilo Soares, poeta,
e Roana Camily.

Gustavo Valério Ferreira

entrevista

Entrevistei o Poeta Paraibano Danilo Soares - Autor do Livro 'Versos Substanciais'

Danilo Soares

Olá caros leitores deste site, é com imensa satisfação que publico esta entrevista concedida pelo caro poeta Danilo Soares. Para quem não conhece, Danilo Soares, além de meu amigo, é o poeta paraibano que recentemente lançou o livro “Versos Substanciais” pela editora Hope. Ele até me contou um segredo e deixou-nos uma recomendação!

Antes da entrevista, segue uma pequena bio do poeta que pode ser encontrada no site da Editora Hope.

Danilo Soares nasceu em primeiro de fevereiro de 2001, na cidade de Rio Tinto - PB, onde reside atualmente. Estudante, Poeta e leitor voraz de Augusto dos Anjos e Carlos Dias Fernandes. É criador do site literário Paixão Melancólica que mostra poemas, matérias/artigos relacionados à literatura nacional. Também é autor de Versos Substanciais, obra de poemas publicados pela Editora Hope.

O Danilo fora das páginas é
um adolescente ganancioso de 17 anos
de idade que rir com coisas simples
e chora sem se preocupar se vão ligar

Segue a entrevista:

Olá Danilo Soares, tudo bem?

Danilo, é com grande prazer e honra que o entrevisto aqui, fico deveras honrado em poder entrevistá-lo!

P: Danilo, conte-me sobre você, quantos anos tem, o que faz além de escrever e onde reside.

R - O Danilo fora das páginas é um adolescente ganancioso de 17 anos de idade que rir com coisas simples e chora sem se preocupar se vão ligar. Estudante e natural de Rio Tinto-PB.

P: Conte-me com quantos anos descobriste a literatura e a partir de qual idade começastes a rascunhar os teus primeiros textos.

R - Não sei bem ao certo. Mas lembro-me que foi no fundamental pós ler um livro que o professor de Etno-história recomendou. A obra era Jogador n1! apaixonei-me pelo livro e continuei a ler de tudo.

Faz alguns anos que comecei a escrever. Na verdade eu adorava as frases, e, rabiscava pensamentos no caderno. Mas escrever versos/poemas acho que foi aos 15 anos de idade que iniciei a compor.

P: Conte-me como seu “eu” artístico começou a ganhar maturidade e quando percebeste o quão incrível era escrever literatura.

R - Cada soneto que escrevo eu acho melhor que o anterior. Por isso, comecei a amadurecer o fazer artístico me dedicando à Arte e escrevendo, escrevendo, escrevendo.

Percebi o valor de escrever quando vi que dá para pedir socorro usando metáforas.

Percebi o valor de escrever quando vi
que dá para pedir socorro usando metáforas.

P: Conte-me, caro poeta, quais dificuldades encontraste ao longo do teu desenvolvimento lírico e quais foram os pontos mais angustiantes… Conte-me se houve alguma situação ou momento que te fez recuar ou até mesmo pensar em desistir da literatura autoral.

R - Interessante. Uma pessoa de minha família disse que é perda de tempo escrever, sem contar que moro numa região com pouco índice de leitores, mas não apenas minha terra, o país inteiro está carente em Arte. Isso já é irritante para quem produz algo.

Às vezes tenho algo em mente, mas não consigo escrever algo decente. Apago o poema do bloco de notas, se for em papel, rasgo. Sempre que isso acontece, penso que o dom foi ao inferno e que esse é o momento de deixá-lo ir.

Sempre que isso acontece,
penso que o dom foi ao inferno
e que esse é o momento de deixá-lo ir.

P: Houve alguém que te serviu de baluarte no desenvolvimento artístico e, ao mesmo tempo, houve alguém que foi “uma pedra” em teu caminho? Como lidaste?

R - Minha mãe, irmã, o amigo Senildo, a Roana e o Filósofo Matheus sempre me incentivaram.

Sob as pedras, deixo-as no caminho mesmo! Nunca liguei muito para quem já tá no chão.

P: Conte-me quando começou a ficar impossível de controlar o eu lírico e como isso afetou sua vida secular… Como e quando surgiu a ideia de tornar público os teus textos e qual foi o impacto que isso te causou.

R - Às vezes o fato de refletir muito e escrever muito sobre o conhecimento, razão e amor nos deixa seco e niilista. Isso magoa.

Deixo/deixei público meus textos para mostrar que o meu Vale me tem e têm outros grandes artistas que ficarão na história da Paraíba.

P: Como surgiu o desejo de publicar teu primeiro livro, a saber, Versos Substanciais? Como tal desejo foi alimentado e quais dificuldades encontradas para torná-lo real?

R - Eu tinha um vasto número de poemas! Vi que estava na hora de exibir Rio Tinto num livro de literatura. Procurei editoras para publicar a obra e, a que mais me agradou, foi a amada Hope.

A dificuldade principal foi só a que minha mente colocava.

A dificuldade principal
foi só a que minha mente colocava.

P: Qual foi a tua expectativa durante o processo de desenvolvimento do livro, sobretudo, quando o estava no processo de editoração, correção e diagramação… Como foi acompanhar tudo isso e ser paciente até o resultado final?

R - Cada passo que a Editora Hope dava na edição do livro me deixava feliz. A parte mais emocionante foi quando a Jéssica, editora chefe, e o Adriano, agente literário, me mostraram a capa de Versos Substanciais. Eu estava morto naquele dia. Morto de alegria. O resultado final me fez bater no peito e dizer: AGORA SIM!

Eu tinha chegado da escola. A caixa dos exemplares entregue pelo Correio foi a coisa mais linda que tinha visto. A capa amarela, as folhas amarelas e a diagramação brilhavam em meus olhos. Noutro dia, acordei e corri para olhar se num era um sonho! E não era. O livro ainda estava ali no sofá. Lindo e gostoso.

P: Caro poeta, eu já sei qual poeta te serve de inspiração, ainda assim hei de perguntar-te: Qual poeta ou quais poetas foram cruciais na definição de tua escrita e qual deles te inspira mais? O quão importante as escolas literárias e seus respectivos movimentos são?

R - Augusto dos Anjos, Allan Poe, Dante Alighieri, Dias Fernandes me fascinam. Eu leio mais o Augusto, levo o EU, único livro publicado por ele, na mochila e abro-o quando quero conversar com o poeta.

Gosto do romantismo e simbolismo. A melancolia sincera é algo que poucos conseguem expor.

A melancolia sincera
é algo que poucos conseguem expor.

P: Qual movimento literário influenciou mais as suas obras? Qual a intensidade do impacto que o simbolismo tem em tua vida literária?

R - Acho que o modernismo. Sou um poeta vagabundo. Pouco me serve as regras. Arte tem que ser livre mesmo.

Por ir afundo na consciência, o simbolismo me faz desabafar sem medo de nada. Isso é bom.

O simbolismo me faz desabafar
sem medo de nada.

P: Pretendes publicar mais livros? Se sim, existe algum já em processo de escrita ou até idealizado?

R - Segredo, tenho um livro de poesia em processo. ver aqui

P: Quais as dificuldades que destacas em ser escritor no Brasil?

R - Rapaz, o Brasil não têm muitos leitores, as escolas mal convidam escritores para palestrar, a direção de cultura muitas vezes excluem os autores, a sociedade mal sabe interpretar um texto e às vezes tem medo dos escritores.

P: Danilo, se houvesse a possibilidade de trocar a fama de um livro atual por outro pouco conhecido, qual livro famoso escolherias para substituí-lo e qual livro não-famoso seria o substituto desse?

R - Substituiria a fama do 50 Tons de Cinza pela do Solaus do Carlos Dias Fernandes.

P: Algum conselho para os nossos jovens acerca da literatura? O que você recomenda para nossos futuros escritores que ainda não tiveram coragem de rascunhar seus primeiros textos?

R - Leia, mas leia mesmo. Se quer falar com alguém, escreva.

Se quer falar
com alguém,
escreva.

P: Existem várias técnicas utilizadas para facilitar a composição de poemas… Usas alguma? Se sim, qual?

R - Eu abuso das figuras de linguagens, rimas A-B-A-B e redondilhas.

P: Como queres perceber-se quando tiver o dobro da sua idade atual?

R - Quero não se arrepender de ter a ideia de criar 3 motéis pelo mundo, ficar rico e ser doutor em Letras.

P: Como é ter fãs e como é interagir com eles?

R - Olha, costumo dizer que num tenho fãs, tenho amigos. Eu passo todos os dias por pessoas, falo com todas. Deve ser por isso que eles me admiram. Eu admiro-os.

P: Qual é a melhor parte de ser um escritor? E qual a pior (se houver)?

R - A melhor parte é que tu podes dar indiretas para as pessoas que te odeiam e elas não vão perceber. A pior é que, quando pedes socorro, eles também não entendem.

P: Fale-me o nome de três livros que mais gostas de ler e o motivo.

R - Eu e outras poesias - Augusto dos Anjos!
( Mudou/muda minha vida)

Canção de Vesta - Carlos Dias!
(É um livro lindo.)

Dom Casmurro - Machado de Assis!
(Machado que escreveu, então é bom).

P: Para finalizar esta entrevista, gostaria de perguntá-lo o quão desgastante é escrever literatura no Brasil onde poucas pessoas possui boa leitura e boa interpretação de texto? Muitos leitores perguntam-te o significado dalguns de seus poemas ou versos? Se sim, qual a tua reação?

R - Quando me perguntam, eu choro. Quando entendem, comemoro. É muito triste quando questionam, mas não os culpo. Eu os amo haha!

P: Qual é o teu conselho para o leitor aprender a absorver o máximo de ideias e essências de um poema?

R - Ouça músicas, leia muito, viva muito. Quando for ler um poema, considere sua visão de mundo também, não só a do autor. Recomendo o filme: Sociedade dos Poetas Mortos.

Quando for ler um poema,
considere sua visão de mundo também,
não só a do autor.

Danilão, meu caro, agradeço pela oportunidade de entrevistá-lo!
Sinta-se livre para fazer suas considerações!

Só tenho a agradecer.

Agradeço a minha mãe Fabiana, ao meu amor (melhor amiga do mundo) Roana Camily, o meu amigo Filósofo Matheus Barros que tem uma conclusão de mundo fantástica, Kaylanne Macedo a poeta de Mamanguape, a minha Editora Hope que abriu as portas no momento certo e à todos que me salvam.

Esta foi minha rápida e curta entrevista com o nosso amigo e caro poeta Danilo Soares.
O livro “Versos Substanciais”, de Danilo Soares pode ser adquirido pelo site da editora Hope clicando aqui.
Para ler mais sobre ele, acesse o site Paixão Melancólica onde nosso poeta publica regularmente.

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Versos Negros

Ei! Olha a morte vindo na neblina
tragando os sonhos belos e mais novos
a morte vem ceifando com vontade
enquanto durmo sem nada esperar.

Durmo todo dia e sempre que eu acordo
não consigo dos sonhos recordar
a morte sequestrou durante o sono
e eu, eu desperto sempre sem futuro.

Pressinto a morte vindo à flor da pele
tão cruel quanto um tiro no meu peito.
Vejo que o amanhã talvez nem venha.

Mas ei! Olhe a morte indo embora agora
levando toda a minha dignidade
enquanto eu mal consigo reagir.

Gustavo Valério Ferreira

soneto

Por Direito!

Eu perdi a chave que abre o meu peito
trancado para sempre hei de ficar;
Portanto irei apenas amargar
na busca insana por algum efeito…

Mas eu também perdi todo o conceito
e a fantasia de me libertar.
Não quero tal situação mudar
sem chave criarei um outro jeito.

Eu deveria mesmo incomodar
investir tempo até reencontrar
aquilo que me causa algum defeito?

Vou ao vazio apenas me entregar
à sombra da minh’alma descansar
trancafiado em mim… Por direito!

Narração:






Gustavo Valério Ferreira

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